Por Ana Luiza Olivete
Designer de Moda, Professora e Consultora Empresarial

Conhecido por ser um tecido de 100% lã, muito resistente e de alta durabilidade, primeiramente desenvolvido de forma artesanal e parte integrante da cultura portuguesa. Um tecido bastante rude, grosseiro e de superfície áspera, muito parecido, visualmente falando, com o feltro.

Sua produção foi difundida em Portugal durante a Idade Média, eram geralmente, fabricados com o burel, mantos, capas e casacos que eram vendidos a um preço muito baixo aos agricultores, pastores, marinheiros; era usado pelas camadas mais humildes e pobres da sociedade para dias de festa e luto.

O vocábulo “burel” surgiu no século XII, mas era usado desde antes da Alta Idade Média. Foi considerado durante várias épocas o vestuário dos camponeses, dos trabalhadores agrícolas e de baixos rendimentos. Estes o consideravam o tecido da dor, das lidas e da contemplação. Porém, era também utilizado pela nobreza e monarquia como traje de luto.

“A sua cor amarelecida ou branca, cor do luto à época, e a austeridade e rudeza do material expressavam o sentimento de rejeição em relação à vida mundana. O burel foi considerado um manifesto de luto e dor, um pano de dó”. (Revista Lanifícios, 1974)

O burel era um tecido que, pelo seu baixo preço e grande facilidade de fabricação, dominava o mercado e servia como vestimenta para proteção devido ao seu poder de isolamento térmico.

Apesar das dificuldades, ele depende hoje de impulsos criativos e de empreendedorismo, que ajudam a revitalizar este material histórico, que vale não só pela sua componente física e técnica, mas por trazer incutida a memória e cultura do povo português.

Casacos produzidos com tecido burel/ Reprodução

A empresa Burel Factory Penhas Douradas tem feito alguns investimento e convidado designers renomados no país para criar novos produtos e o mantê-lo vivo culturalmente. Mais informações sobre esse projeto pode ser encontrado em http://www.burelfactory.com