A colunista do blog da Audaces Falando de Desenvolvimento Andrea Zatta falou em entrevista sobre os principais desafios do profissional de modelagem, bem como questões referentes a mercado, formação e a interação do modelista com as novas tecnologias. Andrea é consultora e coordenadora da Pós-Graduação de Moda e Gestão no Senai de Londrina (PR).
Quais os principais desafios do modelista hoje?
Andrea Zatta – Ter uma postura flexível e boa comunicação, pois tem interface com outros setores que exigem formas diferentes de diálogo. Estar sempre atualizado com as novas tecnologias de tecidos, maquinários e métodos de modelagem. É imprescindível o conhecimento do corpo humano e também uma visão holística do negócio em que está inserido.
Qual a relação do designer de moda e do estilista na criação e produção das peças?
Andrea Zatta – Hoje, um modelo tem que ser pensado por uma equipe multidisciplinar, modelista, estilista, piloteira, técnico têxtil etc. Isso facilita o processo e o resultado é bastante satisfatório. Acredito que compartilhar o conhecimento é a forma mais fácil de atingir um objetivo, pois geralmente a informação é centralizada. Por exemplo, a estilista escolhe os tecidos para os modelos desenhados, mas nem sempre esse profissional tem conhecimento sobre caimento de tecidos, portanto há a necessidade de compartilhar com a modelista ou técnico têxtil, pois eles tem certamente experiência para escolher o mais adequado, evitando assim também o reprocesso.
Para os profissionais que atuam como modelistas é essencial buscar constante formação. O que você recomendaria a esses profissionais?
Andrea Zatta – Sim é essencial, existem vários cursos e livros que proporcionam técnicas diferenciadas que podem auxiliar no desenvolvimento profissional. Alguns cursos e livros que indico:
Cursos – Escola SP, Atelier da Z, o SENAC, SENAI, Instituto Orbitato, Observatório de Sinais, EMP – Escola de Moda Profissional.
Alguns livros
– EBERLE, Hannelore; HERMELING, Hermann; HORNBERGER, Marianne; MENZER, Dieter e RING, Werner. Tecnologia dell’abbigliamento: dalla fibra all’abito. Milão: Ascontex editoriale, 2001.
– FERRI Ma, A. Introduzione all’organizzazione nell’industria dell’abbigliamento. Milão: Ed. Tecniche Nuove, 1997.
– PETERS, Tom. Reimagine! Excelência nos negócios numa era de desordem. São Paulo: Futura, 2004.
– ARMSTRONG, Helen Joseph. Draping for Apparel Design. New York: Fairchild Publication, 2000.
Como que você vê a inclusão de softwares que auxiliam na produção de moldes como o Audaces Vestuário Moldes?
Andrea Zatta – Acho muito positivo a inclusão dos softwares, pois eles proporcionam maior rapidez na graduação, qualidade e confiabilidade nas medidas. Na produção pode simular encaixes e proporcionar a mudança da modelagem antes mesmo de serem executados. Não acredito que a introdução dessa tecnologia irá tirar o emprego dos profissionais, eles serão “readequados”, o único entrave neste caso é a resistência de modelistas mais velhos, pois não tem experiência com computador, o que acaba resultando no acréscimo de um funcionário para manipular o sistema e a “antiga” modelista continua fazendo os moldes de forma manual.
Por que é tão difícil encontrar bons profissionais da área de modelagem?
Andrea Zatta – Porque a ênfase sempre foi dada ao estilista, o modelista ficou sempre como uma função menos importante. Hoje já se consegue entender que a peça chave da empresa é a modelagem, por isso, houve o aumento de salário e a valorização deste profissional. Atualmente a função do estilista se aproximou da modelagem apropriando-se de todos os processo da fábrica para criar coleções que facilitem a produção.
