Quem nunca assistiu, corra para ver. Voss, apresentado para o Verão 2001 de Alexander McQueen, é desconcertante. Os looks são incríveis, de uma elegância controversa e questionadora, por vezes angustiante. As modelos tem a cabeça coberta por uma espécie de atadura, que cobre os cabelos, e parece aprisionar algo.

O Verão 2001 de Alexander McQueen mostra o tormento das modelos, situação que não é apenas cena: imagine-se na situação de desfilar sem que possa ver os espectadores, que estarão te observando. O que as modelos veem é o seu próprio reflexo nos espelhos de uma “caixa”, dentro da qual o desfile acontece. A silhueta, por vezes sexy, pode aparecer disforme e chocante. A cena propõe algumas questões: o fato de não saber se sou visto, muda a minha postura? É o olhar do outro que me faz ser quem sou? Por que as modelos se mostram curiosas sobre os expectadores? Estarão ansiosas com o possível julgamento ou sentem-se livres?

A coleção Verão 2001 de Alexander McQueen parece nos querer fazer sentir o desconforto da vestimenta em determinados momentos, ao colocar na passarela modelos que puxam e rasgam as roupas e aprisioná-las em belíssimos casacos que impedem os movimentos. Cabe reforçar que é de um desfile de moda que estamos falando, apesar das provocações despertadas serem dignas de um objeto de arte.

A conclusão do show se dá com uma outra caixa, até então oculta, sendo aberta, com Michelle Olley posando nua, numa citação de “Sanitarium”, fotografia de Joel Witkin (1983). Sem conclusões. Dúvida, desconforto e estranheza já são um excelente resultado ao vermos esse espetáculo de arte. Ou melhor, um espetáculo de moda.

Assista no vídeo abaixo o Desfile verão 2001 de Alexander McQueen.
 

Por Ana Carolina Steil
Pós graduanda em Mídia, Moda e Inovação no Senac/RS