Por Ana Luiza Olivete
Designer de Moda, Professora e Consultora Empresarial
Quando falamos sobre microtendências, não podemos deixar de citar a holandesa Li Edelkoort, a grande especialista das tendências de consumo de produtos de moda. Li absorve e traduz o mundo ao seu redor de maneira objetiva e natural e está entre as 25 pessoas mais influentes do mundo da moda, segundo a revista Times. Ela conta tudo em seu site: http://www.edelkoort.com
Para se pesquisar tendências precisa de uma mente muito pragmática, capaz de compreender o que se está passando ao redor; para onde isso vai; como divulgar essa ideia; como traduzir em palavras; como visualizá-la; como projetar uma ideia de tempo; e que mudanças implicam na sociedade.
Segundo Li Edelkoort, o começo é muito irracional, emocional e intuitivo, mas a segunda parte é realmente o lado racional do cérebro que traz tudo para a realidade. Ela conta, também, que as tendências não são muito rápidas, não, duram de 10 a 20 anos para amadurecer. Que não existem novas tendências a cada estação, o que se faz é a cristalização das ideias para olharmos sob uma nova ótica, ângulo ou direção, dando uma nova roupagem. Apesar de que, podem mudar rapidamente, talvez por situações de crises, catástrofes naturais ou alguma mudança radical que causam algum impacto na sociedade.
Pesquisar tendências é uma tarefa global, onde se deve estar atento a qualquer movimento que pode acontecer, desde uma loja de equipamentos eletrônicos de última geração até uma pequena mercearia de esquina. Não há como prever como as informações vão chegar, elas podem surgir onde quer que você esteja!
Li diz que nunca toma notas quando está pesquisando, visto que se for anotar tudo o que vê acaba não distinguindo entre o que é importante ou não, pois o que importa fica na memória e jamais será esquecido. E ela confia na própria memória a este ponto. Mas sinaliza que quando tem uma ideia brilhante, escreve e-mails e SMS para ela mesma.
E para finalizar diz que não é correto dizer que a moda é global, porque, na realidade, tudo o que é global, é feito por milhares de ideias locais… portanto, a globalização e a localização sempre andarão de mãos dadas. Onde a cultura, o folclore, a gastronomia local e tudo o que é regional ganhará mais e mais importância.
Assim o design, o serviço e a inovação estão cada vez mais fortes na concepção dos produtos, não há como ignorar este fato. Assim como não há mais espaço para quem apenas copia os outros. Isso já não funciona.
E como toda microtendência nasce das macrotendências, sempre deve-se fazer uma leitura do comportamento humano para poder inovar nos produtos. Como a sociedade está mais individualista, os grupos se formarão a partir de estreitas relações, geralmente ligadas a família, o homem desempenha um novo papel como pai no cuidado dos filhos, e as crianças começarão a crescer com outras responsabilidades para descobrir oportunidades, soluções e ideias.
Desta forma, os produtos devem se adaptar e esse novo perfil social, onde os produtos de luxo ganham destaque, não por serem mais caros, mas por ter qualidade e durabilidade, atingindo os consumidores que buscam produtos mais sólidos, bem feitos, belos e que usem materiais naturais. São conceitos que se estendem também a serviços, hotelaria e beleza e isso levará as pessoas a consumirem mais para os lares, pois passarão grande parte do seu tempo trabalhando de casa, curtindo momentos com seus grupos de afinidades em ambientes aconchegantes, produtos de jardinagem e alimentação ganham força. Assim como um turismo mais nômade, usando o aconchego e companhia numa viagem de carro ao invés de usar o avião, curtindo mais a natureza e a paisagem que conquistam por onde passam.
Cabe agora, aos designers dedicarem parte do seu tempo a identificar as necessidades das pessoas na oferta de produtos que melhore suas qualidades de vida e preencham seus anseios.
