As aproximações entre arte e moda vêm de longa data; o que me parece, no entanto, é que há uma exacerbação desse fato nas últimas décadas. A propósito, não só entre esses dois campos, mas o que se infere é que o cruzamento de diferentes linguagens e materiais parece ser uma espécie de condição dos processos de criação na atualidade.

Nas diversas operações de produção e expressão da cultura contemporânea, uma rede intricada de conceitos envolve a combinação entre diferentes linguagens e a transposição de uma linguagem em outra, cujas fronteiras estão cada vez mais tênues e o diálogo, o esgarçamento e as rupturas de limites cada vez mais intensos e constantes.

Designers de moda (desde sempre) usam a arte como inspiração e artistas plásticos, com frequência, têm desenhado roupas e/ou desenvolvido projetos na área da moda. Esta abordagem se concentra nas trocas, isto é, nos empréstimos estéticos e nas referências, relações que uma área recebe/cede/estabelece com a outra.

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O produto-obra do estilista-artista Hussein Chalayan (1970-) é bastante representativo desse fenômeno. Chalayan é um daqueles profissionais que transita entre a arte e a moda com maestria! Suas criações vão desde uma inusitada saia-mesa (ou seria mesa-saia?) de madeira, uma instigante instalação-cápsula-útero usada por Lady Gaga no Grammy em 2011, até looks para Michelle Obama e para a esportiva Puma. Enfim, suas produções circulam pelos museus e pelas ruas (a rua, aqui entendida como sinônimo de produto usável).

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Inovador, Chalayan é (mais) reconhecido por sua capacidade de elaborar peças inventivas e emblemáticas e por suas apresentações performáticas. Ações que, inevitavelmente, passam pela experimentação com materiais inusitados e integração da tecnologia aos processos criativos. Em tempo: Chalayan também é um adepto da tradição e, de modo surpreendente, consegue o feliz meio termo entre o tradicional e o contemporâneo – o que é visível em seu trabalho.

Por Clícia Ferreira Machado
Consultora da Federação das Indústrias de Minas Gerais