O setor de modelagem é um dos mais importantes para a confecção, uma vez que é onde começa o processo de materialização das roupas. Com o croqui do estilista em mãos, o modelista inicia o processo de planificação das peças, cuidando para que a roupa tenha excelente caimento, qualidade e estejam adequadas às tabelas do público-alvo da empresa.
O professor do Senac Lapa Faustolo, Roberto Rubbo, – com mais de 30 anos de experiência no mercado da moda e experiência nas áreas de modelagem industrial, moulage e Programas Vetorizados de Computador – fala sobre a área de modelagem, o trabalho do modelista e os desafios deste setor na região de São Paulo.
Empresários do setor de confecção possuem dificuldade em encontrar profissionais de modelagem com experiência no mercado. Por que você acha que isto está acontecendo?
Roberto Rubbo – Primeiramente um bom profissional de modelagem, além de ser experiente é também uma pessoa com mais idade, acima dos 30 anos e daí pra mais, geralmente. Muitos profissionais exímios de modelagem sentem-se coagidos pelos salários baixos que os confeccionistas pagam, logo, eles estão migrando para seu negócio próprio, empreendendo. Quando coloco a situação de migração dos modelistas não quero generalizar, nem todas as confecções paulistanas deixam de valorizar financeiramente seu profissional.
Como as confecções podem contornar este problema?
Roberto Rubbo – As confecções podem contornar o problema da falta de bons profissionais, ao meu ponto de vista, valorizando o profissional da modelagem, colocando a “qualidade” acima da “quantidade”, investindo nesses profissionais (pagando boa qualificação).
Quais os cuidados que o empresário deve ter antes de contratar um modelista?
Roberto Rubbo – Ele deve filtrar o currículo do profissional, analisar os locais em que trabalhou, e as instituições em que fez cursos. Também precisa avaliar as qualificações e experiências do modelista, principalmente se ele sabe executar modelagem manual ou moulage, dependendo dos critérios e processos da empresa, e se ele entende de costura, isso é fundamental. Essa última característica é algo que falta muito em aspirantes de moda.
Existem modelistas que não buscam aperfeiçoar o seu conhecimento. Como reconhecer este tipo de pessoa?
Roberto Rubbo – Geralmente é uma pessoa que começou dentro da empresa como auxiliar ou assistente de algum setor qualquer, passou por diferentes cargos ? costureira, piloteira, auxiliar de modelista ?, e, por fim, quando um dos modelistas saiu da empresa assumiu o cargo. Esse profissional acredita que não precisa de técnicas mais avançadas ou estudos para aprimorar seus conhecimentos, pois acha que já sabe o suficiente, pois até então todos os desenvolvimentos que constrói, de uma forma ou outra, com qualidade ou não, dão resultados para a empresa.
Ele também dificilmente aceita ou entende o sistema CAD. Reconhece que a empresa necessita do sistema, entende que melhorará o processo de desenvolvimento e produção, mas tem muitas dificuldades em entender todo o programa, duvida da precisão dos quadros digitalizadores, isso tudo por motivos de não querer se aperfeiçoar, pois acha que um professor de modelagem não possui a técnica do dia a dia.
É fato que no futuro esse perfil de profissional ficará extinto do mercado, não o modelista em si pelo que representa no processo da confecção, mas sim pelo perfil de não dar espaço para melhores aprendizagens, conhecimentos, técnicas, novas tecnologias.
Na sua opinião, quais os principais benefícios para as confecções com a introdução de softwares como Audaces Vestuário e Audaces Digiflash na produção?
Roberto Rubbo – Incontestavelmente o Audaces Vestuário chegou para somar muitas coisas no ramo, principalmente no quesito ampliação e encaixe e risco. Com isso, o tempo de produção reduziu muito para o processo. Argumento tal fato porque é verídico, notável e acima de tudo, no eixo Brás ? Bom Retiro, é o software que mais se vê em uso.
É prático, é simples, funciona fantasticamente, é nacional e a interface tem a nossa estrutura de pensamento em relação à produção e processamento dos moldes e ou encaixe e risco. Quanto ao Digiflash, fotografar vários moldes do modelo dentro de um quadro otimiza o tempo e traz precisão no tratamento dos mesmos, porém, o usuário deve ter a competência e percepção desse tratamento a fim de ajustar todos os detalhes necessários que estão agregados aos moldes.
Quais as principais vantagens da graduação da modelagem quando feita em sistema informatizado?
Roberto Rubbo – O software realiza a graduação com precisão em todas as angulações, milímetros, e faz o procedimento em tempo absurdamente otimizado em comparação ao manual; permite a visualização imediata nas escalas dos tamanhos, pois é possível modificar a ampliação no caso de erros ou medidas que precisam de ajustes mais elaborados; facilita a ampliação das medidas de cada detalhe, deixando-o visível a fim de fazer comparativos entre os tamanhos; e permite a conferência de medidas de forma rápida em relação ao processo manual.